" Fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro. " CL

" Fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro. " CL

29 de agosto de 2016

Meu barba


Hoje te desenhei no espelho embaçado pelo banho demorado.
Lembrei dos contornos... do longo rosto e da boca marcada no espaço entre os pelos da barba.
Que saudade de ouvir o seu 'dias melhores virão';
Saudade do carinho na orelha;
Dos banhos quentes;
Das noites frias;
Do seu coração tão gêmeo do meu;
Das mãos que se procuram;
Dos lábios sedentos;
Da força que me trazia o seu sorriso de lado;
Dos beijos nos olhos;
Dos olhos nos beijos;
Do cheiro de café;
Do Chico valsando na sala enquanto na cozinha a gente se virava;
É saudade daquela que desperta a gente do sono e que faz ter vontade de viver mais.
É saudade sim;
E ela é minha, mas é só
de você!

30 de agosto de 2015

O AMOR É A ÚNICA REVOLUÇÃO VERDADEIRA !



Nós vivemos a verdade,
Que reluz do coração.
Somos força e coragem,
Enfrentando a escuridão.
E onde o amor for infinito,
Que eu encontre meu lugar,
E que o silêncio da saudade,
Não me impeça de cantar.

Talvez você me encontre por aí,

Quem sabe a gente possa descobrir no amor:
Sonhos iguais,
Noites de luz,
Que os dias de paz,
Estão em nós.

Que o desprezo que nos cerca,

Fortaleça essa cação,
E que esse nosso egoismo,
Se transforme em união.
E onde o amor for infinito,
Que eu encontre meu lugar,
E que o estorvo da maldade,
Não me impeça de voar!

Talvez você me encontre por aí,

Quem sabe a gente possa descobrir no amor:
Sonhos iguais,
Noites de luz,
Que os dias de paz,
Estão em nós.

A bondade é fortaleza,

O amor tudo é capaz.
Que a cegueira da certeza,
Não sufoque os ideias do amor,
Do amor.

E que em cada coração, árido ou concreto,

Pulse uma semente de primavera,
Como a luz que da janela emana raios de coragem, 
Coragem é agir com o coração!
Coragem é agir com o coração!
E que para cada ato de coragem nasça uma flor, 
Uni-vos em torno da luz!
Há um horizonte inteiro de amor dentro de cada um de nós,
Para encontra-lo basta acreditar que sim, 
Da luz eu sou, na luz eu me movo!
Da luz eu sou, na luz eu me movo!
O amor é a única  revolução verdadeira!

1 de julho de 2015

Dos realistas paralelos reais


Deitei, após decorrer alguns minutos, não tardou pra sentir sua presença numa leve depressão do lado direito da cama.Virei para o lado e aproveitei pra pousar uma mão em seu largo ombro, a cabeça deitei sobre o seu coração, pra dançar com as batidas dele até me desligar...
De manhã senti suas mãos delicadamente sobre meu quadril, me dizendo exatamente que movimento fazer. Recebi uns cafunés e sussurros arrepiantes, sim! bom dia lá fora, mas aqui dentro a noite ainda pousa sobre nosso edredom. Desliza pelos meus seios, e com seus longos dedos, desce seguindo o contorno que acompanha o restante do meu corpo, a luz que consegue atravessar a janela, também lambe cada centímetro meu. E quando penso em fingir de olhos fechados um sono determinado pela preguiça, me rendo, sorriso de canto, balbucio maliciosamente: "faz de novo?"
Você passa os pés quentes sobre os meus, aquecendo meus gelados dedinhos, que contraste gostoso de sentir: esse calor que toma conta de tudo que está ao redor, e vai contagiando e movendo tudo ao seu favor.
Ainda permaneço estática, quero ver até onde posso só sentir, até que, mais uma palavra sua: "bom dia!" foi suficiente, é claro, pra romper todos os diques de resistência que até então eu tinha construído arduamente...daí por diante, a correnteza pujante me conduz, e eu? 
Eu me soltei até que ela me invadisse, 
não por partes ou metades, 
mas por favor:  por inteira.
Invasão gentil, afável e voluptuosa, acompanhada de múltiplos espasmos no lânguido corpo que vibrava e titilava toda a cama.

















Por fim, uma frouxidão mútua dos exauridos corpos, molhados e vibrantes.
Não restam palavras, os olhares se cruzam e já são suficientes.
Seus olhinhos miúdos, me acompanham até a entrada ao banheiro.
Eu precisava mesmo deixar a água percorrer sobre cada trilho e marca registrada no meu corpo por aquele momento.
Não demoro, afinal ainda tenho o resto do dia pra retomar àquela minha rotina. E com todo banheiro saturado de vapor, empurro a porta pra poder respirar.
Recebo
beijos 
meio 
as
minhas
tentativas
de
vestir
a roupa
me
apressar
tentativas que, claro, estavam todas fadadas ao erro desde o início.
"Ainda é noite", você me disse, antes mesmo que eu me atrevesse a soltar qualquer sentença a respeito de todo o meu rito estipulado, que me esperava lá fora. 
Enrolando meu cabelo, que dava três voltas na sua mão, você me puxava de volta para toda a manante correntia indômita água que vinha agora como d'antes.
E era verdade, ainda faltava muito pra noite sucumbir.
.
Um miado distante retinia nos meus ouvidos e atravessava a noite como um apelo.
Abri os olhos para acudir o bichano,  
desorientada,
sentei no sofá, olhei a tela da TV ligada que chiava procurando por sinal,
na tela, fitei bem os pontinhos pretos misturados aos brancos pra poder perceber que a realidade estava brincando comigo mais uma vez.
Não importa, afinal, a realidade na verdade é o que se vê, e o que se vê é um produto criado pela mente.
O real é unânime, mas como? se ele é fruto da mente, e cada mente é um universo singular?
Como podemos saber se o mundo que vemos corresponde o que outra pessoa qualquer vê?

Se esse produto da mente é meu, faço questão de transmuta-lo.

25 de junho de 2015

Eat pray loveee




"No fim, comecei a acreditar em algo que chamo de física da busca.Uma força governada por leis da natureza, tão reais quanto a lei da gravidade.
A regra da física da busca é assim:
Se tiver coragem de largar tudo que é familiar e confortante, que pode ser sua casa ou arrependimentos, e sair em busca pela verdade, seja ela externa ou interna.
Se considerar uma dica, tudo que acontecer na jornada, e aceitar todos que conhecer como um professor.
E se estiver preparado para enfrentar e perdoar realidades difíceis dobre si mesmo, a verdade não será retida de você."




Muito grata...

30 de março de 2015

"não desvie os olhos
me olhe
esta cara que trago
é justamente esta cara que trago
o caco o mapa o trago
do que sobrou da viagem
tome um trago
me olhe
nao desvie os olhos de dentro dos olhos
esta cara que é minha
é o que restou dos naufrágios trágicos
de todas as ventanias
de todas as calmarias
de todos esses contatos imediatos ou não
me olhe
não desvie os olhos
de dentro e fundo de mim
veja o resto
conte o saldo
depois me mate
me cuspa
me acuse
ou me recuse
então quem sabe me goze
no fundo bem fundo
no fundo de mim"

Caio Fernando Abreu, 1978

21 de março de 2015

Minhalma vista assim, por você, que me olha e me vê, e vê mesmo!


"Sou apaixonada pela sua alma.
Entenda, não é algo físico. Simplesmente me fascino por você.
Tanta beleza junta, tanta personalidade, tanta energia...
Encantam-me suas palavras, seus pensamentos... suas dores.
Sou apaixonada pela sua alma.
Entenda, porque eu não entendo. Simplesmente sinto.
Tanta cor, tantos sorrisos, tanto encanto...
Você é como um girassol. Bem grande. Que quando olho só dá vontade de sorrir de volta.
Olho e te vejo. Vejo mesmo.
Vejo o sol, o mar, o céu. Tudo em um mesmo lugar.
Sou apaixonada pela sua alma...Entenda...
Ela é como o primeiro raio de sol entrando pela fresta da janela numa manhã de sábado.
Tudo está calmo e vai se iluminando, tomando brilho, tomando cor.
Não sei descrever de outra forma. 
É linda.
Entenda... Porque eu.. Ah! Eu não entendo.

Inspirado por S."

14 de janeiro de 2015

Deitada no canto, seus tornozelos sangram

Estou cansado de ser vilipendiado, incompreendido e descartado
Quem diz que me entende nunca quis saber
Aquele menino foi internado numa clínica
Dizem que por falta de atenção dos amigos, das lembranças
Dos sonhos que se configuram tristes e inertes
Como uma ampulheta imóvel, não se mexe, não se move, não trabalha
E Clarisse está trancada no banheiro
E faz marcas no seu corpo com seu pequeno canivete
Deitada no canto, seus tornozelos sangram
E a dor é menor do que parece
Quando ela se corta ela se esquece
Que é impossível ter da vida calma e força
Viver em dor, o que ninguém entende
Tentar ser forte a todo e cada amanhecer
Uma de suas amigas já se foi
Quando mais uma ocorrência policial
Ninguém entende, não me olhe assim
Com este semblante de bom-samaritano
Cumprindo o seu dever, como se eu fosse doente
Como se toda essa dor fosse diferente, ou inexistente
Nada existe pra mim, não tente
Você não sabe e não entende
E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito
Clarisse sabe que a loucura está presente
E sente a essência estranha do que é a morte
Mas esse vazio ela conhece muito bem
De quando em quando é um novo tratamento
Mas o mundo continua sempre o mesmo
O medo de voltar pra casa à noite
Os homens que se esfregam nojentos
No caminho de ida e volta da escola
A falta de esperança e o tormento
De saber que nada é justo e pouco é certo
E que estamos destruindo o futuro
E que a maldade anda sempre aqui por perto
A violência e a injustiça que existe
Contra todas as meninas e mulheres
Um mundo onde a verdade é o avesso
E a alegria já não tem mais endereço
Clarisse está trancada no seu quarto
Com seus discos e seus livros, seu cansaço
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
E esperam que eu cante como antes
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
Mas um dia eu consigo existir e vou voar pelo caminho mais bonito
Clarisse só tem 14 anos