Deitei, após decorrer alguns minutos, não tardou pra sentir sua presença numa leve depressão do lado direito da cama.Virei para o lado e aproveitei pra pousar uma mão em seu largo ombro, a cabeça deitei sobre o seu coração, pra dançar com as batidas dele até me desligar...
De manhã senti suas mãos delicadamente sobre meu quadril, me dizendo exatamente que movimento fazer. Recebi uns cafunés e sussurros arrepiantes, sim! bom dia lá fora, mas aqui dentro a noite ainda pousa sobre nosso edredom. Desliza pelos meus seios, e com seus longos dedos, desce seguindo o contorno que acompanha o restante do meu corpo, a luz que consegue atravessar a janela, também lambe cada centímetro meu. E quando penso em fingir de olhos fechados um sono determinado pela preguiça, me rendo, sorriso de canto, balbucio maliciosamente: "faz de novo?"
Você passa os pés quentes sobre os meus, aquecendo meus gelados dedinhos, que contraste gostoso de sentir: esse calor que toma conta de tudo que está ao redor, e vai contagiando e movendo tudo ao seu favor.
Ainda permaneço estática, quero ver até onde posso só sentir, até que, mais uma palavra sua: "bom dia!" foi suficiente, é claro, pra romper todos os diques de resistência que até então eu tinha construído arduamente...daí por diante, a correnteza pujante me conduz, e eu?
Ainda permaneço estática, quero ver até onde posso só sentir, até que, mais uma palavra sua: "bom dia!" foi suficiente, é claro, pra romper todos os diques de resistência que até então eu tinha construído arduamente...daí por diante, a correnteza pujante me conduz, e eu?
Eu me soltei até que ela me invadisse,
não por partes ou metades,
mas por favor: por inteira.
Invasão gentil, afável e voluptuosa, acompanhada de múltiplos espasmos no lânguido corpo que vibrava e titilava toda a cama.
Por fim, uma frouxidão mútua dos exauridos corpos, molhados e vibrantes.
Não restam palavras, os olhares se cruzam e já são suficientes.
Seus olhinhos miúdos, me acompanham até a entrada ao banheiro.
Eu precisava mesmo deixar a água percorrer sobre cada trilho e marca registrada no meu corpo por aquele momento.
Não demoro, afinal ainda tenho o resto do dia pra retomar àquela minha rotina. E com todo banheiro saturado de vapor, empurro a porta pra poder respirar.
Recebo
beijos
meio
as
minhas
tentativas
de
vestir
a roupa
e
me
apressar
tentativas que, claro, estavam todas fadadas ao erro desde o início.
"Ainda é noite", você me disse, antes mesmo que eu me atrevesse a soltar qualquer sentença a respeito de todo o meu rito estipulado, que me esperava lá fora.
Enrolando meu cabelo, que dava três voltas na sua mão, você me puxava de volta para toda a manante correntia indômita água que vinha agora como d'antes.
E era verdade, ainda faltava muito pra noite sucumbir.
.
.
Um miado distante retinia nos meus ouvidos e atravessava a noite como um apelo.
Abri os olhos para acudir o bichano,
desorientada,
sentei no sofá, olhei a tela da TV ligada que chiava procurando por sinal,
na tela, fitei bem os pontinhos pretos misturados aos brancos pra poder perceber que a realidade estava brincando comigo mais uma vez.
Não importa, afinal, a realidade na verdade é o que se vê, e o que se vê é um produto criado pela mente.
O real é unânime, mas como? se ele é fruto da mente, e cada mente é um universo singular?
Como podemos saber se o mundo que vemos corresponde o que outra pessoa qualquer vê?
Como podemos saber se o mundo que vemos corresponde o que outra pessoa qualquer vê?
Se esse produto da mente é meu, faço questão de transmuta-lo.