" Fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro. " CL

" Fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro. " CL

27 de junho de 2011

Nando Reis,


'Quando aconteceu? Não sei.
Quando foi que eu deixei de te amar?
Quando a luz do poste não acendeu,
Quando a sorte não mais pode ganhar,
Não..
foi ontem que eu disse não..
Mas quem vai dizer tchau?

Onde aconteceu? não sei.
Onde foi que eu deixei de te amar?
Dentro do quarto só estava eu
Dormindo antes de você chegar..
Mas, não..
Não foi ontem que eu disse não..
E quem vai dizer tchau?

A gente não percebe o amor,
Que se perde aos poucos sem virar carinho.
Guardar lá dentro amor não impede,
Que ele empedre mesmo crendo-se infinito.
Tornar o amor real é expulsá-lo de você,
Pra que ele possa ser de alguém!

Somos se pudermos ser ainda,
Fomos donos do que hoje não há mais.
Houve o que houve é o que escondem em vão,
Os pensamentos que preferem calar,
Se não, irá nos ferir um não
Mas que não quer dizer tchau.'

26 de junho de 2011

Ê Rita,

A RITA

'A Rita levou meu sorriso,
No sorriso dela meu assunto,
Levou junto com ela o que me é de direito,
Arrancou-me do peito,
E tem mais,
Levou seu retrato, seu trapo, seu prato,
Que papel!Uma imagem de são Francisco e um bom disco de Noel.

A Rita matou nosso amor de vingança,
Nem herança deixou,
Não levou um tostão, porque não tinha não,
Mas causou perdas e danos,
Levou os meus planos, meus pobres enganos, os meus vinte anos, e o meu coração,
Além de tudo, me deixou mudo o violão.'

Chico Buarque de Holanda.

17 de junho de 2011

ESFINGE

Com cada ausência,
O passar do tempo,
Junto com cada centímetro à mais nos meus fios de cabelo.

O tempo está passando?
Permaneço enclausurada.

15 de junho de 2011

Vou-me Embora pra Pasárgada!

Essa canção nunca será qualquer canção para mim!


Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei.

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura.

De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive.

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias.

Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada.

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção.

Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar.

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei.

Vou-me embora pra Pasárgada.
Manuel Bandeira

6 de junho de 2011

Medicamentos,

são empíricos mesmo!O sorrizo de muitos.

Sem sentido,



Os fragmentos de mim se perguntam como os que se amaram até às víceras, obedecem a sobriedade de extinguir os cumprimentos, de ignorar o desejo de abraçar quem sempre se tocou, e mais, como eles conseguem cruzar-se como se fossem desconhecidos, jamais vistos antes.Me decepciono.Será um estado da mente?

Waiting,

Te observo,
Assim, estimulo os sonhos a zombarem de mim,
Estimulo a automutilação,
Pra não esquecer que ainda sou humana.

Te ver ainda não é qualquer ocorrência do meu dia,
Foi o alimento do mês de junho,

O coração testa um contato,
Eu paro pra tentar, sei que ouve quando te chamo,
Eu sinto que sim, te encontro no metaespaço que nos espera, em um tempo de delicadeza,
Onde os sonhos ainda terão autonomia para brincar com meus sentidos, e me fazer querer mais de você, ainda que distante.